terça-feira, 3 de julho de 2012

Avião caça da FAB destrói janelas do STF: e para quem sobrou a culpa?

Estava assistindo o jornal do SBT Brasília e a notícia de que um avião caça da FAB destruiu as janelas da fachada do STF, durante uma apresentação no último dia 1º, em Brasília. Parece que o âncora do jornal leu meus pensamentos: para quem sobrou a culpa? claro, para o lado mais fraco.

Neste caso, para o piloto, que foi afastado. Mas será que ninguém mais imaginou que, em um vôo razante, isso poderia acontecer? E o piloto programou sozinho realizar este tipo de vôo durante a apresentação? Sinceramente, achei a atitude de afastar o piloto completamente equivocada!

Festas de São João e a cultura brasileira

Sou suspeita para falar, pois nasci e fui criada em cidades do interior, mas fico muito feliz em ver, finalmente, a cultura das festas de São João ganharem mais espaço na mídia. Na minha opinião, elas são a maior demonstração da cultura popular brasileira. Aliás, muito maior que o próprio carnaval.

Explico o porque da minha opinião: apesar do carnaval ser amplamente divulgado no exterior, as festas se concentram mais nas capitais, grandes cidades e, principalmente, em alguns estados, famosos por atraírem todos os anos milhares de carnavalescos. Já as famosas "festas juninas" ou "julinas" acontecem em praticamente todos os municípios do país, de norte a sul, de leste a oeste. Em cada lugar do interior do Brasil, aonde tiver uma uma ingreja ou uma escolinha, pode contar que tem uma festa de São João. É uma pena que, ao contrário do carnaval, esta cultura ainda não tenha tanta divulgação no exterior.

Antes que me critiquem, não estou querendo aqui fazer uma comparação entre uma cultura e outra ou dizer que isso é bom e aquilo é ruim. Mas já parou para pensar porque as festas de São João não são amplamente divulgadas no exterior como cultura popular brasileira, assim como o carnaval? A resposta é que, convenhamos que uma boa parcela dos turistas estrangeiros são atraídos não pela demonstração da cultura e das raízes do nosso povo, mas sim pela propaganda de turismo sexual gerada em torno do carnaval. E que isso, infelizmente, é conveniente para os nossos governantes. Então, porque não divulgar as festas de São João e atrair mais estrangeiros realmente interessados em conhecer mais a fundo o nosso país, suas raízes, a simplicidade do seu povo, suas crenças e sua formação?

Desenvolvimento ou regresso?

Uma reflexão sobre a construção de hidrelétricas na Amazônia e seus impactos e conflitos socioambientais

Por muito tempo, o Brasil foi um país que pensou no desenvolvimento - com a construção de usinas hidrelétricas, gasodutos, oleodutos, rodovias, aproveitamento turístico e a expansão agrícola – sem pensar nas conseqüências ao meio ambiente. E, apesar dos avanços, continua cometendo erros primários. Não devemos ser contra o progresso, e sim lembrar que ele deve vir sempre acompanhado de responsabilidade e respeito à natureza e ao ser humano. Caso contrário, os desdobramentos advindos desse processo desordenado podem resultar em um tiro no próprio pé.

Ao se destruir os recursos naturais, além de se provocar desastres ecológicos como enchentes (como as que vimos recentemente em vários estados), efeito estufa e extinção de animais, outras conseqüências, menos colocadas na mídia, porém não menos importantes também são devastadoras: acaba-se com o potencial turístico da região, prejudica-se as comunidades locais que vivem da agricultura de subsistência e, em alguns casos, desrespeita-se o direito dos povos indígenas à posse de suas terras.

Atualmente, a maior polêmica está concentrada na construção de complexos hidrelétricos na Amazônia, a maior riqueza natural do país. A construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira/ RO, e de Belo Monte, no Xingu/ PA irá gerar um grande impacto e desequilíbrio ambiental, como a devastação da floresta – não somente com a construção em si, mas também pelo grande número de habitantes que deve se estabelecer nesses locais e, conseqüentemente, abrir estradas, construir casas e infra-estrutura em geral - e a escassez de peixes nos afluentes dos rios, por afetar diretamente a população local, que sobrevive principalmente da pesca.

Além disso, o projeto hidrelétrico do Rio Madeira não considera a presença de povos indígenas isolados que habitam o local, apesar da ciência do governo sobre o caso. Além de terem suas terras devastadas, eles devem sofrer com as doenças trazidas pelos “brancos”, diante das quais estes povos possuem baixa imunidade e, no passado, provocaram inúmeras mortes.

Já o projeto de Belo Monte promete trazer cerca de 20 mil empregos para a região. Porém, existem hoje 19 mil pessoas desempregadas e mais 200 mil pessoas estão migrando para o Xingu, em busca de trabalho. Isto é, mais pessoas se concentrarão em uma região em situação de vulnerabilidade e não há uma perspectiva de incluir socialmente a população.

O Brasil tem um histórico de erros que foram cometidos em nome do “progresso”. É preciso acordar para alternativas de geração de energia sustentável, que são possíveis de serem implantadas. Avançamos com a criação do biodiesel, por que não avançar também quando se fala em energia elétrica? Divulga-se tanto que o país tem reduzido as iniqüidades sociais. Então, por que não ouvir as comunidades locais, ao invés de impor um projeto que afetará diretamente a vida destas pessoas? Devemos lembrar que colhemos o que plantamos e cuidar das nossas florestas é garantir um futuro melhor para nós mesmos e para as próximas gerações.

A Amazônia é uma das maiores riquezas do nosso país, admirada mundialmente. É nosso dever primar pela sua preservação e pela cultura e valores do seu povo, que tanto tem a nos ensinar. Continuarei lutando para dar voz aos povos indígenas, à população ribeirinha, aos camponeses, extrativistas e a toda população da Amazônia. Esse deve ser um compromisso de todos: governo, mídia e sociedade.