Em 1895, o cientista Guglielmo Marconi descobriu que ondas de Hertz poderiam transmitir mensagens. Talvez ele não imaginasse na época, que sua invenção se tornaria um dos maiores veículos de comunicação de massa: o rádio. Orson Welles provou a capacidade de influência desse veículo, ainda na década de 30, ao fazer com que milhões de pessoas ficassem desesperadas para sair dos Estados Unidos achando que extraterrestres estavam invadindo a terra. Na verdade, tratava-se de uma peça teatral, intitulada “A guerra dos mundos”.
Welles escolheu um dia atípico para colocar no ar sua peça teatral. Era 30 de outubro de 1931 e o mundo aguardava a notícia se o país iria entrar em guerra ou não. Além disso, no dia 30 de outubro os americanos comemoram o halloween. Para que o ouvinte não imaginasse ser uma obra de ficção, falsas notícias interrompiam a programação normal da rádio Columbia Broadcasting System (CBS), até que fosse transmitida em tempo integral.
Trinta e três anos depois, em São Luís (MA), o locutor Sérgio Brito resolveu imitar a façanha de Welles. Até mesmo o dia e o mês escolhidos foram iguais. O contexto da época (1971), também era de instabilidade política, pois o país vivia a ditadura militar. A versão maranhense da peça exagerou ainda mais: a invasão alienígena estava ocorrendo em vários países, anunciando o fim dos tempos. Na época, os roteiros dos programas deviam passar primeiro pela polícia federal, que liberou para que este fosse colocado no ar. Esse cuidado porém, não evitou que a rádio fosse fechada. A penalidade não foi maior porque a equipe da rádio apresentou uma falsa edição que continha o seguinte spot: “Ficção científica baseada em Orson Welles”.
No primeiro caso, Welles confessou, anos mais tarde, que o programa não teria ido ao ar de forma inocente. Em entrevista à BBC, ele declarou: “O mundo lhes parecia ser alimentado por tudo que sai daquela caixa mágica. A transmissão era um assalto à credibilidade daquela máquina e um alerta para que as pessoas deixassem de se orientar por opiniões pré-formatadas, viessem elas do rádio ou não”. No caso da rádio difusora o programa serviu para testar a audiência do rádio, que vinha perdendo público para a televisão.
Nos dois exemplos, ficou provada a eficiência do rádio. Ele é um veículo de fácil acesso, pois é barato. A maior parte da população tem condições de comprar, nem que seja, um radinho de pilha. Muitas cidades pequenas não possuem um jornal impresso ou um programa de televisão local, mas possuem uma rádio comunitária. Ele também é o veículo que maior interage com o público final, pois dá espaço para que o ouvinte participe, ao vivo.
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